Rede dos Engenheiros Agrônomos do Brasil
GRAMADOS ESPORTIVOS / RELVADOS DESPORTIVOS
Depois de longa ausência no blog, de 18 meses trabalhando exclusivamente na Europa, e com 02 Campos de Golf (Dolce Campo Real Lisboa e Quinta do Vale Golf) sob minha supervisão, resolvi compartilhar com os colegas um pouco desta experiência.
Em primeiríssimo lugar, destacar a grande diferença da mão de obra por aqui. Embora Portugal pague os menores salários mínimos da Europa, e não haja uma qualificação específica formal para quem trabalha em campos de golf, os trabalhadores da área, de modo geral, tem orgulho e zelo no que fazem.
Tarefa dada, é tarefa cumprida com profissionalismo! Essa é a regra geral, aliás em quase todas as áreas.
E no mais, tudo é bastante diferente no "negócio Golf ".
Temos limitações de budget e fluxo de caixa no nosso dia a dia, porque o Golf em Portugal é realmente um negócio, gerenciado profissionalmente e que dá lucro.
Campo que não dá lucro, vai para a insolvência e fecha!
Não é à toa que nos últimos 05 anos consecutivos Portugal foi eleito o melhor destino de Golf da Europa. Isto porque desde o check in, tudo é pensado para proporcionar a melhor experiência possível àquele que pagou para jogar (o golfer). E isto foge muito do modelo de negócio do Golf no Brasil, onde quase tudo está voltado para "o sócio" do Clube ou o "morador" do Condomínio que tem o Campo de Golf.
Aqui, os membership e os residentes são uma pequena parte do volume de receita de um campo (em geral cerca de 15%). Há cerca de 17.000 a 25.000 voltas/ano de "jogadores externos" que movimentam a maior parte da receita em green fees, aluguéis de carts, compras nos pro shops.
As hospedagens nas unidades hoteleiras, frequências nos bares e restaurantes do empreendimento, são receitas indiretas do Golf, que também alavancam o negócio, mas o Campo de Golf em si, com sua receita direta, dá lucro. E o Greenkeeper está muito mais envolvido com o negócio golf (e mesmo com a unidade hoteleira, se houver), e não só com a parte de gestão agronômica/laboral do campo.
Há uma quantidade maior de agroquímicos (fitofármacos) registrados para gramados que podemos usar, embora façamos um manejo para tentar usar o menos possível desse tipo de produto. Além do diploma reconhecido na Europa há formações específicas que tem de ser feitas para ser Responsável Técnico pela Aplicação de Fitofármacos.
Em relação a adubos, tanto em granulometria adequada para cada parte do campo, quanto em formulações temos bastantes opções que fogem à adaptação do material usado em agricultura e adaptado para os gramados - temos uma verdadeira panóplia disponível, especifica para gramados esportivos.
Embora haja toda uma adaptação a uma cultura de trabalho diferente, uma cultura de negócio e o uso de variedades cool season grasses (C3) na maioria dos relvados, tem sido uma experiência profissional (e pessoal) muito importante. Claro que tem tomado bastante tempo, bastante estudo e flexibilidade para trabalhar (e viver) em ambiente profissionalmente diferenciado, daí a falta de tempo para escrever aqui no blog. Mas, cada segundo, assim como aconteceu na experiência profissional na Copa das Confederações 2013 e Copa do Mundo 2014, tem valido a pena.
Saudações Agronômicas,
Artur Melo
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Bom dia colegas!. Parabéns Arthur!. Um dia vamos alcançar, talvez este nível cultural!. É só deixarmos de lado aquela "Estória de levar sempre vantagens em tudo", pois isto não existe!. O gramado e as ornamentações externas a qualquer tipo de arquitetura, é técnica de engenharia de exteriores!
Caro Artur,
Parabéns.
O resultado do seu excelente trabalho nem chega a ser surpresa!
Agora cultivando os gramados de Além Mar!
abração
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