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Assistência Técnica Agronômica no Brasil

Agropecuária Brasileira tem Assistência Técnica?

Menos de 20% dos Estabelecimentos são Atendidos

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Concluído o levantamento do Censo Agro 2017 pelo IBGE, alguns dados já estão publicados. Um dado que chama atenção é a cobertura de Assistência Técnica dos estabelecimentos agropecuários. 

É muito pior

No âmbito nacional menos de 20% (19,85%) dos estabelecimentos declararam receber orientação técnica no ano agrícola de 2017. Cabe esclarecer que os dados do Censo Agro são declaratórios e que o quesito orientação técnica não se limita a dimensionar o alcance de Assistência Técnica dedicada a orientar um produtor, mas considera tanto a visita de um extensionista como de um vendedor de insumos. 

Além disso a metodologia de coleta não considera a profundidade ou alcance dessa orientação técnica. Em resumo o Censo, respeitando a declaração do produtor, considera como um estabelecimento assistido mesmo aquele que recebeu visitas ou orientações de caráter genérico, mesmo sem considerar as especificidades ou demandas técnicas e de gestão da produção.

Assistência nas Regiões

A cobertura de Assistência Técnica não é homogênea nas diferentes regiões brasileiras. 

A Região Norte apresenta 10,4% de cobertura, enquanto a Região Nordeste apresenta a menor taxa com apenas 7,4% dos estabelecimentos atendidos. No outro extremo a Região Sul apresenta 48,6% de estabelecimentos atendidos. Sudeste apresenta 28,6% de cobertura enquanto o Centro Oeste, 23,5%.

Nos Estados

Os Estados brasileiros também apresentam grande variação de cobertura de Assistência Técnica aos estabelecimentos, conforme Tabela abaixo, que apresenta alguns dados:

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Problema ou Oportunidade?

O panorama da cobertura de Assistência Técnica à Agropecuária brasileira nos propõe algumas reflexões importantes. 

É possível vislumbrar que Estados e União não parecem estimulados a reorganizar a Assistência e Extensão públicas nos moldes do passado. Assim, surgem dúvidas no horizonte próximo para agricultores familiares, especialmente aqueles que cultivam em pequena escala e que dependem de crédito e assistência públicos. Pode-se argumentar no entanto, que Assistência Técnica e Extensão Rural públicas já está escassos há tempos. Especialmente nos estados do Norte, Nordeste e Centro Oeste. Entretanto, a constatação não é uma resposta ao problema.

Por outro lado, a baixa cobertura antes de um problema na ótica da Agronomia, pode apontar para um potencial inexplorado de atuação do Engenheiro Agrônomo.

Precisa-se de 200 mil Engenheiros Agrônomos

O Censo Agro 2017 cadastrou 5,1 milhões de estabelecimentos no país. Numa conta um tanto simplória, mas que ilustra o potencial demanda para Assistência Técnica, se houvesse 1 engenheiro agrônomo para cada 25 estabelecimentos, seriam necessários 200 mil profissionais apenas para fornecer assistência técnica de qualidade à produção agropecuária nacional!

E você, está desempregado?

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Assistência Técnica: Essa Desconhecida!

Assistência Técnica: Deficiência ou Oportunidade?

A assistência técnica é o processo de comunicação e de difusão de novas tecnologias geradas pela pesquisa representando um instrumento de desenvolvimento rural no seu sentido mais amplo.

Desde a extinção da Embrater e o desmonte do Sistema Brasileiro de Extensão Rural pelo presidente Collor em 1990 há uma lacuna na Extensão Rural e Assistência Técnica no Brasil. O quadro atual de desmonte de Empresas estaduais em nada ajuda a reduzir essa carência.

Essa situação pode ser constatada pelo Censo Agropecuário de 2006 realizado pelo IBGE, que apresenta o quadro de Assistência Técnica recebida pelos produtores rurais brasileiros.

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Produtores que NÃO recebem Assistência Técnica (IBGE, Censo Agropecuário, 2006)

A figura acima dá um panorama da carência de Assistência Técnica aos produtores rurais de todo o Brasil.

Mas quem são os produtores rurais que (ainda) recebem Assistência Técnica no país? 

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Produtores que recebem Assistência Técnica (IBGE, Censo Agropecuário, 2006)

A figura acima apresenta um panorama nacional indicando que há uma concentração de Assistência Técnica no Centro-Sul-Sudeste do país. 

Entretanto poderia se perguntar que qualidade de assistência técnica é prestada aos produtores em nível nacional. O Censo Agropecuário se limita a indagar ao produtor se este recebeu ou não Assistência Técnica no ano de referência da realização do Censo. Assim, caso o produtor tenha recebido orientação de RTV de insumos ou agrotóxicos, uma visita de um técnico da Emater ou participado de um dia de campo, é suficiente para atender ao quesito "Recebeu Assistência Técnica". 

Assistência é Técnica?

Uma dúvida surgida é a qualidade ou alcance da Assistência Técnica que é realizada, como mostra a figura abaixo que estrutura o serviço segundo o grau de instrução do produtor rural. 

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A figura acima mostra que a Assistência Técnica, provavelmente pública, concentra-se nas camadas menos instruídas dos produtores rurais. Por um lado pode-se pensar que a A.T. atua quase como uma política pública compensatória das desigualdades sociais enquanto por outro lado pode-se refletir quanto dessa tecnologia tem sido convertida em modernização da agricultura e o desenvolvimento do meio rural.

Porém mesmo como pretensa política pública compensatória, a A.T. não consegue reduzir desigualdades regionais conforme figura abaixo.

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Analisando-se a A.T. pelas regiões brasileiras, nota-se que a maioria dos produtores rurais brasileiros não dispõe de orientação técnica especialmente no nordeste. 

Atualmente o IBGE está concluindo o novo Censo Agropecuário do ano base 2017. Novos dados estão surgindo como o amplo acesso a referências tecnológicas pela internet e outros meios de comunicação. Por outro lado as pressões sobre o campo, a propriedade e a produção aumentam no sentido de aprofundar o processo modernização da agropecuária nacional que tem o desafio de alimentar a demanda mundial por alimentos, energia e fibras. 

O que menos faz sentido nesse panorama é entender o processo de desvalorização do principal profissional de assistência técnica e extensão rural: o Engenheiro Agrônomo!

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