O sistema é formado por um tambor de 200 litros, colocado 1 m acima do solo, que serve para alimentar 10 linhas porta-emissores com 15 m cada, usando tubos de PVC de ¾” e atendendo 500 plantas, se o espaçamento entre emissores for de 30 cm. É usado na Agricultura Familiar, em pequenas áreas, sendo comum em países como a África e a Índia.
A Figura abaixo mostra as cinco categorias principais de dispositivos de irrigação projetados para baixos volumes de água: gotejador, borbulhador, microaspersor, tubo perfurado e nebulizador. O sistema de irrigação com tambor pode lançar mão dos 2 primeiros e do microtubo, este feito de material flexível e com 4 mm de diâmetro.
O sistema de irrigação alimentado por gravidade é uma maneira barata e eficaz de fornecer água para uma área de cultivo menor. Seria especialmente econômico se o clima da área pudesse fornecer precipitação suficiente para manter o reservatório sempre cheio, usando técnicas de coleta de água da chuva; por isso, o sistema é conhecido como Irrigação por Gotejamento com Baixa Pressão (Gravity Drip Irrigation System) ou “Rain barrel irrigation system” ou Sistema de Irrigação com Tambor e Água da chuva. O sistema básico é muito simples, consistindo de um reservatório elevado com um tubo saindo do fundo que alimenta com água um sistema básico de irrigação por gotejamento, que é todo controlado manualmente ou com um timer alimentado por bateria e que controla a taxa de aplicação da água.(1)
No caso, da linha lateral partem microtubos em cuja extremidade insere-se um gotejador, que alimentam as plantas. A linha principal pode ser montada com tubos de PVC rígidos de meia polegada de diâmetro (DN = 13 mm), e as linhas laterais, de polietileno (flexível) de ¼” (DI = 4,3 mm).
Neste Manual de instalação do kit de irrigação por gotejamento encontram-se as orientações e peças necessárias para a instalação. (2)
Em áreas menores, pode-se usar um ou dois baldes de 20 litros cada como reservatórios, método usado no Kenia (África).(3)
Hidráulica do sistema
O projeto de sistemas de gotejamento de baixa pressão (ou de tubos borbulhadores) ainda não foi bem definido e é um pouco diferente de outros sistemas de microirrigação porque são baseados no fluxo por gravidade e não requerem energia externa.
Baseia-se na Equação de Bernoulli (abaixo) onde: p1 = pressão numa dada seção do tubo (kg/m²), ϒ = peso específico da água (kg/m³), z1 = elevação do eixo do tubo numa dada seção (m), V1 = velocidade do fluxo nesta seção (m/s), g = aceleração da gravidade (m/s²), hf = perda de carga no tubo (m) e hml = perdas de carga acidentais (m).
Assim, as perdas de carga não devem ser calculadas pelas equações comuns de Hazen-Williams, mas sim pela de Darcy, onde hf = perda de carga (m), f = fator de atrito (ábaco ou equação), L = comprimento da tubulação (m), D = diâmetro interno do tubo (m), V = velocidade do fluxo (m/s) e g = 9,81 m/s² = aceleração da gravidade.
Combinando as equações de Darcy-Weisbach e de Blasius, para 2.000 < Re < 10^5, podemos utilizar a equação abaixo, onde: hf = perda de carga (m), K = 7,89*10^5 (para água a 20oC), Q = vazão (m³/s), D = diâmetro nominal (m) e L = comprimento do tubo (m).
Para 10^5 < Re < 10^7, K = 9,58*10^5, Q^1,828 e D^4,828.
O método da velocidade e o método de perda de carga percentual são frequentemente usado para dimensionar tubulações para sistemas borbulhadores. O método de velocidade é útil para dimensionar o diâmetro dos tubos de maior diâmetro, como os da linha principal e manifolds, porque a longo prazo a deposição de sedimentos nas tubulações de grande diâmetro é a principal preocupação. Ao usar o método de velocidade, a equação de continuidade é usada:
Onde: Q = vazão (m³/s), V = velocidade do fluxo (m/s), A = área da seção do tubo (m²), D = diâmetro nominal ou interno do tubo (m) e K = 1.273. A velocidade de V = 0,6 m/s nas linhas laterais é recomendada, para evitar a deposição de sedimentos em suspensão (areia, silte e argila). Por sua vez, os tubos devem possuir V < 0,3 m/s para prevenir excessivas perdas de carga por atrito.
Pequeno anteprojeto
A planilha abaixo apresenta um pequeno projeto teórico, com barril de 200 litros distante 1 m do solo, saída de PVC de uma polegada (ou 2,54 cm) de diâmetro, e laterais de Polietileno, com DN = 20 mm (interno). Considerando que a vazão varia com a carga ou nível d´água, e este vai diminuindo rapidamente com o tempo de irrigação, considerou-se nos cálculos apenas a metade da lâmina.
Para não reabastecer o reservatório (barril) a cada 2 minutos, uma alternativa seria dotá-lo de uma ou duas calhas na superfície, e alimentá-lo continuamente. Assim, o nível d´água ficaria constante e a carga ou vazão média aumentaria do dobro.
Layout do Sistema
REF.:
[1] Gravity Drip Irrigation System
https://digitalcommons.calpoly.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1552&context=mesp
[2] Drip Irrigation Kit Installation Manual
[3] Low-cost irrigation for poverty reduction