Agronomia em Defesa Profissional no 9º CNP
A 2ª fase do 9º CNP ocorreu em Brasília em 1 e 2 de dezembro. Um Congresso sui generis, uma vez que sua dinâmica não permitia apreciação de propostas já aprovadas na primeira fase em Foz do Iguaçu. Assim, foram convocados 600 profissionais (500 delegados e 100 convidados) para reunirem-se num Congresso não deliberativo.
Mesmo assim, a Agronomia encaminhou uma moção propondo a apreciação da Proposta 63 pelo Confea de forma a adequá-la aos "princípios constituintes deste conselho e à legislação vigente". A mesa, sob pressão contrária, não aceitou a moção sem ao menos apresentá-la ao plenário. A PNS 63 propõe alteração da tabela de títulos incluindo a Engenharia Florestal e outras carreiras no Grupo Engenharia.
Articulamos para que a moção fosse lida em plenário, marcando a posição política da Agronomia. Como presidente da Confaeab, Angelo Petto pediu a aprovação da moção, no que foi negado pela mesa diretora. Este passou então a fazer uma declaração com base na moção.
Angelo Petto, presidente da Confaeab, defendendo a Agronomia
Neste momento fomos atacados com a declaração do presidente da SBEF repudiando a atitude da Agronomia em querer invalidar a proposta aprovada.
Em seguida formou-se uma fila de E. Florestais junto ao microfone deo público, para atacar a manifestação da Agronomia. Para contrabalançar as manifestações, o colega Moisés Fernandes, conselheiro do Crea-RO e eu, nos levantamos em defesa da Agronomia. Moisés ainda conseguiu garantir sua palavra solicitando à mesa a leitura da moção, no que foi mais uma vez negada.
Moisés Fernandes, Conselheiro do Crea-RO, pedindo a palavra
Entendemos que a PNS 63 é prejudicial ao Sistema Confea / Crea ao subverter a lógica de formação acadêmica das Ciências Agrárias dividindo em Grupos distintos. Vale dizer, se aprovada em definitivo a PNS 63, Engenheiros Agrônomos ficarão no Grupo Agronomia e Engenheiros Florestais no Grupo Engenharia, os mesmos que Engenheiros Mecânicos, Civis, Elétricos, etc.
O relato merece registro na Rede Agronomia, como o único momento do 9º CNP em que se polemizou e politizou o debate. Na política, como na vida, nem todas ocasiões conseguimos êxito em nossas proposições, mas a Agronomia deixou sua marca e soube organizar sua ação.
Comentários
MARIO SERGIO, agradeço suas palavras muito importantes para nossa causa. E assim, vamos somando idéias, reflexões, conceitos...
RODOLFO GEISER, também fico escandalizado (palavra exata, parabéns!) a cada vez que leio sobre os embates e a falta de visão de longo prazo (de uma metodologia parecida com que na economia se chama de "pensamento mágico" onde só se prioriza o que pode ser visto e deixa de lado o que pode ser previsto, as consequências, para além do imediatismo e do populismo). Professores arvorados (hehehehe...) em se tratando de embate com a silvicultura, é muitíssimo pertinente (hehehe...), só para distrairmos um pouco! Professores acadêmicos... Reitores... MAS, de fato e, por sinal, sou também Engenheiro Eletricista, como se pode dissociar a Silvicultura da Engenharia Agronômica e tentar associá-la com Civil, Mecânica, Elétrica... coisa de loucos? Se a Agronomia cochilou recentemente, está na hora de recuperar o tempo perdido. Precisa ser firme e chocar numa tentativa de reverter (até onde for possível - não mais ceder, afim de evitar o Fim, com ânsia de, eventualmente, recuperar alguma dissidência) o processo em curso. Por outro lado, sem perder tempo com conchavos, precisa de conversar. Quando discutimos a necessidade de um novo Conselho, certa vez perguntei se não seria o caso de trazer toda as agrárias para um novo Conselho.
Francisco e colegas,
Sobre a reorganização e articulação da Agronomia espero postar um blog específico relatando nossa experiência nessa 2ª fase do CNP em Brasília.
Me parece que agora nossas lideranças vão acordar para uma problemática corriqueira que ocorre a décadas. Esse tais cursos apêndices que nascem da fragmentação de nossas profissão não vem com o proposito de acrescentar, mas nascem e crescem com dois objetivos, o primeiro é claro ocupar um lugar ao sol e segundo procurar ir minando seu principal concorrente que por seu tamanho e formação impõem obstaculo ao seu crescimento que é a profissão fragmentada e assim temos sidos atacados com ações judiciais, projetos de lei e ate com deboches por florestais, zootecnistas, eng. agrícolas e todo tipo de coisa que se tem criado ao gosto da moda de meia duzia de Doutores em sua maioria Eng. Agrônomos que alheio a sua formação sem o devido respeito a sua profissão tem fomentando a desconstrução de nossa profissão pensando apenas no seu individualismo
Gilberto, Então temos de rever nossas posições e retomar a lógica da valorização profissional e da UNIÃO. Vejo entre as 'Estruturas de Poder', a vaidade, a onisciência,'o nariz empinado' e o 'salto alto' de 'madames'... Temos de ser humildes (sem perder nosso orgulho)... e caímos novamente em ÉTICA, moralidade, senso do 'REAL', consciência de si próprio... Desbancar o valor financeiro e substituí-lo por ESPIRITUALIDADE (mesmo que agnóstica), abraço,
NOTA: LÓGICA, como ramo da Filosofia.
Caro Rodolfo,
Parabéns por sua análise aucrada e esclarecedora!
Exatamente: E. Agrônomos e Florestais têm a mesma base de conhecimento.
Ocorre que a lógica de geração de emprego, de estruturas de poder e divisão da profissão em várias carreiras das ciências agrárias se sobrepôs à lógica da valorização profissional e união da Agronomia.
Uma pena.
abração
Vejo como uma situação e debate EXTEMPORÂNEA e CONTRAPRODUCENTE. É comum ler-se na grande maioria dos dicionários, algo como: ” Silvicultor, s.f., Engenheiro Agrônomo especializado em Silvicultura”. Sou formado em 1963 e sou da primeira turma da ESALQ/USP com cinco anos devido à opção por especialização. A saber: Fitotecnia, Zootecnia, Tecnologia dos Alimentos, Economia Rural, Engenharia Rural. Na Agronomia inclui-se o ramo da Horticultura que, por sua vez, subdivide-se em: Olericultura, Fruticultura, Floricultura, Silvicultura e ‘Arquitetura’ Paisagística.
Esse debate não tem sentido. Reflete o divórcio entre ensino e atividade profissional. Professores arvorados em sua majestade optaram (eufemismo) por alguma razão por essa divisão. Agrônomos e Florestais tem exatamente a mesma base de conhecimento. Sem tirar nem pôr. Tem também os mesmos problemas sérios a enfrentar, entre outros: a patente de genes, os organismos geneticamente modificados, as mesmas doenças e pragas, o uso de pesticidas...
A que ponto nós, engenheiros agrônomos chegamos. Sei que é uma questão que no Brasil, considerando minha formação na ESALQ, tem no mínimo 60 anos. A partir daí, a meu ver, a Engenharia Agronômica degringolou como atividade profissional. Penso que somos obrigados a rever essa situação, mesmo que tivermos de nos valer de outras instâncias que não um CNP. Esse debate é surrealista e reflete a CRISE em que vivemos. CRISE global, nacional, educacional e de atividade profissional. Estou estarrecido. Inconformado. Trata-se de um debate fratricida. Um debate INOPORTUNO E QUE NÃO TRAZ BEM NENHUM PARA A NAÇÃO: somente a divisão e a desintegração. Isso quando o momento é de unir nossas forças em prol do bem comum que é a produção de alimentos saudáveis e o correto manejo dos recursos naturais renováveis. Escandalizado...