Relatório sobre o Congresso Paranaense de Engenheiros Agrônomos

Tema: Rediscutindo o manejo e conservação de solos e da água, 28, 219 e 30 de Agosto de 2013, em Cascavel, Paraná.

Fez-se, aqui, um resumo das palestras ocorridas em cada conferência
e uma sistematização das discussões, perguntas e debates geradas nestas.

O Congresso foi dividido em duas frentes de trabalho: Conferências e Câmara Técnicas

Conferências

28 / 08 / 2013 - Conferência Inaugural:

Apresentação de todas as entidades promotoras e organizadoras do
evento, assim como a citação das entidades representativas da classe
agronômica, entre elas, a AEAs presentes no mesmo.
Ressaltou-se que no Paraná, o uso e conservação de solos e da água
necessariamente se faz com uso da engenharia agronômica: plantio direto com
terraceamento, com rotação de cultura incluindo-se o uso de plantas de
cobertura. Neste sentido, destacou-se a ausência de demanda, por parte do
setor produtivo rural, de RT quanto ao uso e conservação de solos e da água.

29 / 08 / 2013 - Conferência I – Politicas Públicas

Ressaltou-se, por parte da pesquisa e extensão rural, que o processo de
degradação de solos no estado (erosão laminar, em sulco, voçoroca, assoreamento
de corpos de águas fluviais e carreamento, para dentro desses, de solução – água
com solos, mais adubos, mais resíduos de agrotóxicos) está crítico e se
intensificando safra após safra, consequência, por sua vez, de um conjunto de
ações, sem embasamento e comprovação técnico cientifico, de remoção do
sistema de terraceamento, por parte significativa do setor produtivo agrícola,
motivadas principalmente pela corrida à mecanização descompassada com a
realidade topográfica de grande parte das áreas sob produção agrícola.

Destacou-se que a classe profissional, através de suas entidades
representativas (AEAs, FEAP) está enfraquecida, por não fazer mais frente na
formação das politicas publicas destinadas ao setor agrícola, assim como para
com a indicação de seus representantes para os diversos níveis governamentais,
do municipal ao federal, gerando, por sua vez, a ausência de engenharia
agronômica nesses níveis e, neste sentido, o descompasso entre ações
governamentais e tecnologia.

Conferência II – Responsabilidades
Ressaltou-se:
• a responsabilidade técnica do profissional quanto a emissão de ART em
projetos de uso e conservação de solos e água;
• a ação da fiscalização, quanto ao processo administrativo gerado contra o
causador de danos ao solo agrícola e, se existente, para o seu RT ;
• ressaltou-se e destacou-se a ausência de fiscalização, por parte do CREA,
quanto exigência de RT para obras agronômicas de usos e conservação de
solos e água;
Nesta conferência, ocorreu a palestra do Ex-Ministro da Saúde, Sr.
Alcenir Guerra, que fez uma analogia da politica do governo federal para o
Programa Mais Médico para com a classe agronômica. O mesmo fez o
posicionamento da classe médica que é, por sua vez, contrário ao referido
programa e, na sequência, fez analogia para com a classe agronômica que estaria,
por sua vez, sob o mesmo possível futuro risco. Entretanto, a referida palestra
provocou constrangimento sobre o público agronômico devido à analogia
supracitada ser fora de contexto e, principalmente, após a pergunta de um
agrônomo com mais de 20 anos de atuação - “mas não está bom R$10.000,00
líquido?” :
• Um médico, dentro desse programa, recebe R$10.000,00 líquido para
trabalhar, inclusive (em sua maioria) em grandes centros.
• A classe agronômica recebe, em sua maioria com mais de 15 anos de
atuação profissional, menos que o piso salarial bruto da classe para
trabalhar, em sua maioria, nas áreas mais distantes e sem infraestrutura,
sob sol, lama e poeira de qualquer estado brasileiro.

Porém, o ápice desse constrangimento foi quando um agrônomo expôs o
seguinte contexto: “ a nossa ameaça não é o Governo criar o Programa Mais
Engenheiro Agrônomo, até porque seria muito difícil um agrônomo de fora vir se
sujeitar a receber o que a grande maioria recebe! A nossa ameaça hoje são os
técnicos agrícolas, nível médio, querer ter por lei os mesmos direitos e
responsabilidades profissionais dos agrônomos! E o nosso Conselho não faz nada
até porque o mesmo é injusto, pois abriga as duas classes. Isto é, o nosso
conselho dista do conselho médico.

30 / 08 / 2013

Conferência III – Estradas Rurais

Destacou-se a significativa importância do uso do sistema tecnicamente
correto de uso e conservação de solos e água das áreas agrícolas para com a
conservação da qualidade e segurança da trafegabilidade das estradas rurais.
Isto é, a qualidade desta está diretamente relacionada com a qualidade da
primeira;
Ressaltou-se que a ausência de demanda, por parte do setor produtivo, da
engenharia agronômica como RT para com o uso correto de solos e água vem
gerando intensiva degradação dos solos das áreas agrícolas que, por sua vez,
usam as estradas rurais e asfálticas como canais escoadores dessas águas
pluviais e suas respectivas soluções (água, solos, adubos e resíduos de
agrotóxicos) conduzidas, por sua vez, para os leitos de rios cortados por essas
estradas. O contexto acima descrito vem promovendo, em grande escala (pois é
um cotexto corrente em todas as regiões do estado), acelerado processo de
degradação do ambiente aquático e sua respectiva flora e fauna, além de
comprometer irreversivelmente com a qualidade intrínseca das águas captadas
(longe do foco e da capacidade de tratamento de água das empresas municipais e
estaduais) para o abastecimento urbano e abastecimento das atividades rurais
(criações).
Ainda, este sentido, vem sendo percebido, pelos agentes envolvido com o
tema da Conferência em questão, o considerável encurtamento da vida útil das
obras de recuperação e ou readequação de estradas rurais e asfálticas
promovidas por programas governamentais (municipais e estaduais), gerando, por
consequência, o desperdício de dinheiro público, o comprometimento da constância do transporte escolar e da logística do transporte de insumos, da
produção de grãos e, principalmente, da hortifrutigranjeiros.
Destacou-se, também, o uso, sem regras definidas, da faixa de domínio
das estradas rurais e asfálticas para fins de produção agrícola, comprometendo,
em sua totalidade, uma de suas principais funções: a captação de águas pluviais
do leito de rolagem. A ineficiência dessa captação tem gerado, além dos
problemas já descrito, insegurança para com a vida de seus transeuntes.

Conferência IV – Manejo dos sistemas de produção

Destacou-se o relato de casos bem sucedidos do uso e conservação de
solos e água, fruto do correto emprego da engenharia agronômica e frequente
acompanhamento de seu RT, ressaltando-se: a importância da existência de um
RT para com o planejamento de uso e conservação de solos e água; a relação
custo/beneficio econômico, socioambiental e financeiros consequentes do
emprego da engenharia em questão.

Câmara Técnica


Participei da Câmara de Manejo. Em resumo, todas as palestras
pertencentes a essa câmara destacaram que as leis da física não mudaram. Isto
é, o conjunto de técnicas de manejo do solo e da água pesquisado, desenvolvido,
aplicado e validado no decorrer da década de 80 até final da de 90, continua
válido e revalidado para com as condições de solo, clima e topografia do Paraná,
devendo, necessariamente, continuar sendo aplicado, por parte dos produtores
rurais, na produção agrícola econômica, ambiental e financeiramente sustentável.
Debate e Plenária
Vários itens, destacados e desenvolvidos no decorrer do Congresso foram
levados para debate e, por sua vez, para votação em Plenária, tendo como fruto a
Carta de Cascavel, a ser publicada no site da Areac: Associação regional de
engenheiros agrônomos de Cascavel.

Relator: Engenheiro Agrônomo André Albanese - 09 / 09 / 2013

43-9129 - 6253 / 9809 - 0091

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Comentários

  • Boa iniciativa, que multipliquemos e pratiquemos, daqui pra frente, este gesto nobre e altruísta.

    Parabéns

  • EXATAMENTE, PRECISAMOS ESTAR ENVOLVIDOS COM A QUESTÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E PROFISSIONAIS, E DEFENDENDO NOSSA CLASSE DE OUTRAS PROFISSÕES QUE QUEREM TOMAR NOSSAS ATRIBUIÇÕES, A EXEMPLO DOS TÉCNICOS AGRÍCOLAS.

    ESSA DEFESA DA NOSSA CLASSE DEVE OCORRER EM NÍVEL REGIONAL, ATRAVÉS DAS ASSOCIAÇÕES DE ENGENHEIROS AGRÔNOMOS ATUANTES. PARA ISSO, PARTICIPEM DE VOSSAS ASSOCIAÇÕES DE ENGENHEIROS AGRÔNOMOS E PROPONHAM TAIS DEBATES.

  • Muito bom e o Paraná continuando dando bons exemplos.

    FOI DIVULGADA A PROGRAMAÇÃO DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS DO 7° CONGRESSO ESTADUAL DE AGRONOMIA RJ.

     

  • Concordo com os colegas que falaram quanto as questões de responsabilidade técnica. Chega a ser vergonhoso o que se vê técnicos agrícolas recomendando aos agricultores, e se fazendo querer passar como responsáveis técnicos. Não entendo como foi deixado chegar a esse ponto a classe agrícola!!! 

  • Recentemente em uma visita ao Instituto Agronômico de Campinas e em conversa com alguns Agrônomos de lá, concluímos que quando os Prefeitos e Governadores eram voltados para as atividades rurais tínhamos mais representatividade.Os atuais governantes estão muito urbanos e os Agrônomos acabaram por distanciarem-se das Políticas Publicas.Fui convidado por um pré- candidato ao Governo do RJ, para criar um grupo com Agrônomos( 3 ou 4), para montarmos o plano de governo na área agrícola.Pode ser o início de uma retomada.

  • Ok  correto..faço minhas as palavras do Gilberto.

     

  • Parabéns André e colegas do Paraná pela iniciativa do Congresso e por compartilhar com a Rede Agronomia os debates ocorridos. O Congresso Estadual de Agronomia do Rio de Janeiro também vai compartilhar seus debates e deliberações.

    Grande abraço

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